Remei
Revista de Mídias Eletrônicas Informacionais
O mandato está chegando ao fim e, na tentativa de conseguir a reeleição, Tiririca decidiu cumprir a promessa e esclarecer o que deve fazer um deputado. Porém, assim como o humorista escolheu o seu personagem para fazer campanha, optou por fazer piada na hora de explicar ao eleitor o prometido.
Se ele não sabe qual foi seu papel nesses quatro anos ou se a falta de informação no vídeo é só uma tentativa esdrúxula de ganhar votos, não ameniza o fato de que ele não explicou o que cabe a um deputado realizar pela população.
Na hora de votar é essencial que o eleitor procure se informar sobre as funções dos políticos, para que possa cobrar resultados de acordo com o papel de cada cargo. Em Juiz de Fora, são 1.911 jovens entre 16 e 17 anos aptos a votar pela primeira vez de maneira facultativa, além de 19.712 eleitores entre 18 e 20 anos. A maioria está no final do ensino médio ou no início da faculdade e ainda não sabe o que cabe ou não a cada candidato, caso eleito.
A estudante de Direito do Instituto Vianna Jr. Ana Letícia Valle tem 20 anos e
nunca participoude um eleição para presidente.
Ela confessa que não conhece a função dos cargos em
disputa nessas eleições. “Eu sei que temos que votar em cinco cargos,
mas não sei direito a diferença de função entre eles.
Acho que temos cargos demais e muita gente à toa”.
A consciência do voto
Segundo o cientista político Fernando Perlatto, é essencial que o eleitor tenha a consciência da função de cada cargo em que vota, para que pelo menos saiba de quem cobrar depois. “É importante saber quais políticas públicas estão sendo propostas para não cobrar dos órgãos equivocados, porque existe uma interdependência entre poder municipal, estadual e nacional, uma coresponsabilidade”, afirma Perlatto.
Para entender melhor os cargos a serem votados este ano, é necessário compreender o que é o Poder Executivo e o Legislativo. O Poder Executivo é o poder do Estado que tem como objetivo governar o povo e administrar os interesses públicos, cumprindo as ordenações legais e a Constituição do seu país. Já ao Poder Legislativo é atribuída a função legislativa, ou seja, a elaboração das leis que regulam o Estado, a conduta dos cidadãos e das organizações públicas e privadas.
Os cargos do Executivo, presidente e governador, são disputados por voto majoritário. Já nos cargos do legislativo a disputa é por voto proporcional, assim os partidos com mais coligações têm direito a mais "cadeiras", porém, esse sistema permite que todos os partidos sejam representados.
Entenda o voto majoritário e proporcional:
O cientista político Fernando Perlatto explica as funções do Poder Executivo, na figura de presidentes e governadores, e do Poder Legislativo, senadores e deputados federais e estaduais.
Tabela explicativa dos cargos
Votar em quê?
Com tantos cargos políticos, é difícil saber a significação do voto
Por Mariana Müller e Thaís Arruda
Quem é que não se lembra da comentada campanha a deputado federal do humorista Tiririca há quatro anos?! Dentre vários jargões e piadas, o candidato afirmou que não sabia a função de um deputado federal, mas se fosse eleito contaria para o povo.
A votação para senador é um pouco diferente, já que o Senado sofre uma renovação parcial a cada eleição. Como o mandato dura oito anos e cada unidade federativa tem três representantes, de quatro em quatro anos elege-se um número diferente de senadores.
(AUDIO 2 - O cientista político Fernando Perlatto explica como funciona a renovação do Senado: https://soundcloud.com/mariana-martins-muller/senadores)
O estudante de Medicina da UFJF Matheus Santiago, também com 20 anos, já participou de uma eleição presidencial. Ele comenta que não sabia dessa particularidade na renovação do Senado e que considera as informações relativas à política muito falhas. “Tudo é muito difícil de encontrar, ou você pesquisa na Internet por seu próprio interesse ou vota de acordo com a afinidade pelo candidato, sem saber mesmo”, explica Matheus.
Foto: Prefeitura de Brasília/Divulgação
Senado sofre renovação parcial em 2014
Aos 17 anos, a estudante secundarista Maria Vieira nunca participou de uma eleição. “Eu estou muito ansiosa. Desde pequena ia com a minha mãe votar e sempre quis participar por mim mesma”. Mas Maria confessa que não conseguiu decidir seu voto através da propaganda eleitoral. “É tudo muito igual, todos os candidatos falam as mesmas coisas e não explicam nada”.
A forma que o horário reservado para a política é utilizado tende ao cômico e foge do informativo. Várias sátiras a respeito da propaganda eleitoral gratuita são feitas por programas humorísticos satirizando a falta de legitimidade delas.
Não existe um momento de reflexão ou de mostrar o que foi prometido, o que foi feito e o que deve ser. Na propaganda eleitoral não há a preocupação de orientar o eleitor. A única coisa que é ensinada é a usar a urna, não como votar.
Seria mais produtivo se no horário reservado à propaganda eleitoral fosse reservado também um tempo para conscientizar os novos eleitores e deixar claro o que cada candidato deve fazer após ser eleito. O que é do interesse público não deve ser de difícil acesso, pelo contrário, a mídia deve divulgar cada vez mais.
Saiba mais...
O que há de novo na "nova politica"?
Foto: Mariana Müller
A estudante Ana Letícia acredita em chances de mudança no país