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por Talison Vardiero

Homossexualidade: uma relação tênue entre o divino e  o profano

Atualmente encontramos um conflito ideológico em nossa sociedade. As questões ligadas à homossexualidade despertam zonas de desconforto em alguns setores sociais, entre eles podemos destacar o setor religioso.

 

De acordo com os dados preliminares do Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tinha mais de 60 mil casais homossexuais. Esta foi a primeira edição do recenseamento do Instituto a contabilizar a população residente com cônjuges do mesmo sexo.

Quantidade de casais gays por região do país - IBGE

Quantidade de casais gays em relação ao numero de casais heteros – G1

Ainda segundo o IBGE, foi contabilizado que quase metade dos casais homossexuais brasileiros (47,4%) se autodeclaram católicos. Na contramão da grande incidência de gays católicos, houve registro de 20,4% de casais homossexuais que declararam não ter religião.

Quantidade de casais gays católicos e pagãos

O fato de que as pessoas estão aceitando a própria homossexualidade, ou como alguns dizem, "sair do armário acontece cada vez mais cedo", de fato quebra todos os dogmas preestabelecidos pela religião. Polêmicas como o casamento homoafetivo e a cura gay ganharam grandes dimensões recentemente, o que, de determinada forma, mostra o quanto a sociedade está sofrendo mudanças.

 

Luiz Guilherme Furtado Mello e Fabiano Pereira Carvalho, moradores de Juiz de Fora, estão em um relacionamento sério. Eles acreditam que não existem diferenças entre um casal heterossexual e um casal homossexual. “A única diferença visivelmente apresentada é a questão de ser um relacionamento entre pessoas do mesmo sexo”.

 

Assim como todos os casais, a dupla tem sonhos e planos para o futuro, como constituir um lar e ter filhos. Apesar da “modernidade”, Luiz Guilherme acredita que Juiz de Fora ainda não está preparada para aceitar casais gays de mãos dadas na rua, ou vivendo em condições de igualdade como casais heterossexuais.

 

Luiz Guilherme alega que encontrou em Fabiano um lado religioso mais aflorado e ele acredita que se Deus existe, “Ele de fato é amor e aceita todas as pessoas como elas são. O que influência as pessoas não é a religiosidade e sim a personalidade”.

Veja outras fotos de Luiz Guilherme:

Luiz Guilherme e a mãe Silvânia

(Foto: Talison Vardiero)

A costureira Silvânia Furtado Mello, mãe de Luiz, não o reprimiu ao descobrir que o filho era gay. Ela optou por conversar e alertar o filho sobre os problemas relacionados ao preconceito, como ele deveria agir e não se expor de maneira incorreta, para que não acarretasse um problema maior. “Eu tenho orgulho de dizer que meu filho é gay, não só ele como os outros. E se alguém fala algo que me desagrada eu logo falo que ninguém paga as contas deles e que respeito ao próximo é tudo!”.

 

Silvânia tem um posicionamento em relação à homossexualidade e a religião. Ela acredita que “Deus é amor; se é amor, vale tudo, independente se é homem com homem, mulher com mulher ou homem com mulher. O amor é o essencial da pregação de Deus. Se existe amor, não existe pecado. Se fosse proibido pra Deus Ele não deixaria isso acontecer”.

 

Ouça a entrevista de Silvânia Furtado Mello na integra:

A visão das religiões sobre o casamento gay

 

O casamento gay ainda é um assunto que causa discussão e não somente homossexuais aderiram à esta causa. O estudante Daniel Benicio Freitas da Silva é a favor da liberação do casamento gay e acredita que todas as pessoas são iguais e que chega a ser ridículo privar alguém do direito do casamento civil, apenas porque possui um gosto que não é sempre aceito pela sociedade. Em relação ao casamento religioso, ele diz: “Acho que fica a critério de cada um decidir se vale ou não seguir a própria crença ou o próprio gosto”.

 

Opiniões contrárias divergem em relação ao casamento homoafetivo. Para a jornalista Carolina Lima, a mídia empurra a mensagem de aceitação do casamento gay e cria uma militância como se o assunto fosse aceito por todos. Além do mais, não aceitar o casamento é o mesmo que se tornar homofóbico. “A mídia entra na questão de ‘vamos aceitar’ e para que as pessoas não discordem dela, ou para que não criem uma imagem negativa, suprimem sua opinião sobre o assunto”.

 

Uma razão forte que também tem seu posicionamento sobre a união gay são as religiões. Recentemente, duas questões religiosas se posicionaram no conflito. A primeira delas foi relativa ao convite do Papa Francisco aos homossexuais para que viessem a fazer parte da Igreja Católica; Francisco ainda pediu para que as pessoas tivessem misericórdia dos homossexuais. Em contrapartida, a igreja evangélica encabeçada pelo deputado e pastor Marco Feliciano (PSC) surgiu com uma proposta de lei no congresso chamado “Cura Gay”.

 

Dados do IBGE mostram que as três maiores religiões no Brasil são a Católica (65%), Evangélica (22,2%) e a Espírita (2%). Então veja abaixo a opinião de cada uma sobre a homossexualidade e a união homoafetiva.

CATOLICISMO:

 

Segundo o Padre Antônio Camilo, a igreja católica não tem nenhuma razão para estar contra aos homossexuais, inclusive porque aos olhos de Deus todos são iguais. Porém, a igreja se recusa a fazer o casamento entre pessoas do mesmo sexo pelo fato da ausência de procriação. Para os que não sabem, essa regra não se encaixa só para os homossexuais, mas também para todos os casais heterossexuais que não queiram ter filho ou por algum motivo que o casamento não leve a procriação. Veja mais no vídeo.

PROTESTANTISMO

 

A história do casamento gay surgiu quando começou a existir a necessidade de um casal homossexual passar a ter os mesmos direitos civis que um casal heterossexual, é o que diz o pastor e bacharel em direito, Ubiratan de Souza. Porém, em relação ao que se diz na Bíblia, um casal é formado por homem e mulher para que juntos construam uma vida. Isso não quer dizer que os protestantes não respeitem ou não amem os homossexuais, só não concordam com a forma que eles vivem a sexualidade, pois é um valor diferente do exposto pelo livro sagrado.Veja mais no vídeo.

ESPIRITISMO

 

De acordo com o profitente Wladmir Stefanon, o espiritismo em relação ao conceito de homossexualidade está a um passo a frente da medicina e do direito. Além disso, o espiritismo não vê diferença entre as relações homossexuais ou heterossexuais, a doutrina acredita que todos serão julgados em pé de igualdade.Veja mais no vídeo.

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