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Há quem diga que pra chegar no Rio de Janeiro é só virar a esquina, ou até mesmo que Juiz de Fora faz parte do estado fluminense. Isso pode ser visto evidentemente no clima, no futebol e até naquela puxadinha do “s” na hora de falar. Mas quando o assunto é cozinha, o papo é diferente.

Que juiz-forano não adora cair de boca em uma porção de torresmo, mandioca ou linguiça? A jornalista Jani de Souza, 23 anos, não abre mão de uma boa porção. “Sempre que meus amigos me chamam para ir ao bar na hora de pedir a gente não fica em dúvida, tem que ter torresmo e mandioca.” A Juiz-forana Dalyan Bastos, 23 anos, diz que sente falta da comida dos botecos daqui e sempre que volta programa uma visita ao Bar do Bigode para comer uma porção de torresmo.

E fique sabendo que não é só aqui que isso acontece, não. Um exemplo disso é o carioca Ramon Silvério de 25 anos. “Hambúrguer nenhum supera aquele temperinho de comida de vó que só a culinária mineira tem. Para o coordenador do curso de Gastronomia do CES, Tibério Silva, isso acontece porque “a gastronomia mineira é uma das mais completas, complexas e diversificadas do Brasil”. Tibério completa: "Daí seu apreço e admiração em todo território nacional. Já reparou que para onde você for sempre vai encontrar um restaurante de ‘comida mineira?".

Conquistando pelo estômago

Com seus temperos e iguarias, a culinária mineira conquista a todos

Da esquerda para a direita: Dalyan Bastos, Raphael Real, Jani de

Souza, Ramon Silvério e Felipe Castro, no Bar do Bigode e Xororó

O coordenador diz que não percebe influências cariocas no cenário gastronômico de Juiz de Fora. “o mercado da nossa cidade se notabiliza pela típica cozinha mineira, casa de churrasco de espeto (não confundir com comida gaúcha); bons restaurantes étnicos e algumas interessantes incursões na cozinha contemporânea”.

Mas o que fez esses alimentos se tornarem tão culturalmente arraigados em Minas Gerais? A explicação é facilmente encontrada na história. O consumo da carne de porco em Minas se faz presente desde o período da mineração, quando as donas de casa, ou mesmo as escravas, descobriram as vantagens de optar pela criação de suínos em seus quintais. Naquela época, os porcos eram alimentados com restos. E a banha teve papel fundamental durante muito tempo. Era colocada em latas e os pertences dos porcos ficavam imersos para sua conservação, sendo este processo implantado pelos tropeiros.

Já a mandioca era o principal produto agrícola indígena quando chegaram os primeiros colonizadores. Devido à produção abundante e barata constituiu a base de sustento da população colonial, uma vez que, pela facilidade de cultivo e múltiplas formas de aproveitamento, oferecia os meios necessários à manutenção dos pioneiros.

Marianna Leão

Como se todo o sabor e tempero da comida mineira já não fossem suficientes, Juiz de Fora ainda conta com projetos que visam promover e estimular a gastronomia local. Um exemplo é o JF Sabor, que é realizado há 13 anos. O evento é uma competição feita entre estabelecimentos juiz-foranos que são credenciados junto à Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Os participantes têm como desafio elaborar um prato a partir de um ingrediente escolhido pela Abrasel. Na edição passada foi o queijo.

O coordenador Rafael Januzzi revelou que o tema da próxima edição, no final de 2014, já foi escolhido. Será a comida mineira. Januzzi contou sobre os critérios que são levados em conta na hora de escolher o ingrediente:

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Januzzi também afirmou que além de popularizar os pratos, um dos principais objetivos do JF Sabor é “gerar um aumento na movimentação de bares e restaurantes e, por consequência, fomentar e divulgar a cadeia produtiva". Ele contou ainda sobre como a competição é recebida pelos juiz-foranos.

Paralelamente ao JF Sabor são realizados oito eventos, relacionados a parte de profissionalização e oficinas gastronômicas.

 

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