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O “Bullying” é um ato de violência física ou psicológica praticado por uma pessoa ou um grupo, feito de forma intencional e repetitiva, causando dor e angústia à vítima. O “Cyberbullying” é um bullying avançado que ocorre por meio de tecnologias de informação e comunicação, como Internet e telefone. A agressões virtuais são postadas em redes sociais, e-mails, torpedos, blogs, etc. O cyberbullying tem se tornado mais comum na sociedade, especialmente entre os jovens, devido ao avanço da tecnologia.

 

Morgana Maheirie, de 14 anos, sofre com cyberbullying desde 2012. Algumas meninas de sua antiga escola a xingavam pela Internet. Segundo a mãe de Morgana, Tayana, a filha foi até  ameaçada de morte. “Falaram que queriam que ela tivesse uma morte lenta e dolorosa. Em  setembro deste ano, uma dessas meninas foi atrás dela e a chamou de cadela. No final da aula, eu disse para ela que parasse com isso, porque minha filha não fez nada para ela. No outro dia, a menina foi com uma turma para debochar e pedi para alguém me atender sobre o ocorrido. A diretora do colégio veio e nos escorraçou da escola”.

Cyberbullying: o ataque é virtual, a dor é de verdade

 

por Luiza de Aquino

 

Tayana disse que a diretora colocou na carta de expulsão que Morgana “manteve conduta grave e inadequada que está fora das normas do colégio”. Ao tentar matricular a filha em outros colégios, chegar com carta de expulsão não foi nada agradável. “Estou processando a escola e fiz B.O. [Boletim de Ocorrência] contra duas meninas. Minha filha era uma das melhores da turma, sempre com notas excelentes. Sempre teve respeito e educação com todos. Uma das envolvidas é preferida da diretora. Em tudo que ela participa, ela ganha”.

 

Tayana critica que os colégios são muito negligentes com esse assunto. “Não fazem nada. Para eles é mais fácil ignorar do que punir vários alunos por causa de um ou dois que sofrem. Os agressores ficam impunes e a vítima é expulsa. Desde então, peço para minha filha ignorar”. Tayana acredita que, para combater o bullying e o cyberbullying, tem que ser feita uma parceria entre pais e colégio. “Tem que haver palestras educativas, debater bastante o assunto, fazer com que um se coloque no lugar do outro e vice-versa. Se os pais soubessem o que acontece na Internet e controlassem seus filhos, mudaria muita coisa. A maioria nem sabe o que é Twitter, que é a rede social onde as agressoras mais praticam o cyberbullying”.

 

Thomas Montezano tem apenas sete anos, mas já foi vítima do cyberbullying no Facebook. Ele conta o que aconteceu no vídeo ao lado.

 

Sua mãe, Viviane, agora prefere que ele fique longe das redes sociais. “Eu não ligava muito, porque ele só interagia com a família e amigos. Mas quando ele comenta em outras páginas sobre personagens que gosta, pessoas estranhas aparecem para comentar depois dele e muitas vezes são agressivas sem motivo. Ele não entende isso e fica se sentindo mal, como se ele fosse o errado”. Ela acredita que é muito difícil parar com o cyberbullying. “Essas pessoas não têm nada a perder. Elas atacam por diversão e sem medo”.

 

 

 

Victor Reis, de 13 anos, sofria com cyberbullying por ser fã da Lady Gaga. Meninos apareciam para atacá-lo e ele não tinha como se defender. Acabou criando um perfil com outro nome e passou a usar fotos da cantora ao invés da sua. Seus amigos no Facebook, agora, são todos fãs da Lady Gaga. No colégio, ele não pode se proteger dessa forma. “Eu fico calado, sem falar nada. Ninguém me ajuda. Já fui umas cinco vezes falar com a diretora e ela não faz nada. Eu acho que ela tinha que falar com os alunos para acabar com o bullying. Eu tenho esperança de que um dia isso acabe”.

 

Adams Ramos tem 16 anos e passou a ser hostilizado desde o início do ano, sem motivo. Fazem piadinhas e jogam indiretas. Ele acha que o bullying não recebe atenção devida pelas autoridades porque, no mínimo, nunca foram ofendidos e desprezados. Portanto não se preocupam em penalizar os que todos os dias ameaçam ou até mesmo espancam inocentes. Jamais desejaria esse tipo de agressão a ninguém. Não quero mais ver gente inocente sofrendo pela ignorância alheia”.

 

Adams disse que devemos prestar atenção nas pessoas com quem falamos pela Internet. “Uma pessoa pode ser quem ela quiser, fazer o que bem queira na Internet. Nunca sabemos se a pessoa com quem conversamos é mais um ‘fake’ que apenas quer ofender o próximo sem realmente saber como é a vida da pessoa”. Adams ficava trancado no quarto chorando e já até pensou em cometer suicídio. “Mas percebi que sou melhor que eles. Se sentem superiores a mim. Tenho pena”.

 

A psicóloga Nathália Silva informou que as consequências do bullying variam conforme a frequência, a duração e gravidade das agressões. “Independente destas variações, o bullying causa intenso sofrimento para a vítima. Os danos podem se apresentar em âmbito escolar, afetivo, profissional e, dependendo do caso, até mesmo legal. Baixa autoestima, dificuldade de relacionamento interpessoal, dificuldade de se expressar de forma assertiva, depressão, diminuição do rendimento acadêmico, quadros de ansiedade, fuga do ambiente escolar e/ou social e doenças psicossomáticas são características comumente encontradas em pessoas que sofreram bullying”. Segundo Nathália, quanto mais precoce e maior for o suporte familiar, as intervenções de tratamento e prevenção do bullying nas escolas, projetos de aceitação e valorização da diversidade, além do suporte e tratamento de profissionais da saúde mental, maiores são as chances para que tais consequências possam ser atenuadas e superadas pelas vítimas.

 

 

O advogado Ricardo Spinelli explica no áudio abaixo como as vítimas podem se defender do bullying de forma legal e o como os agressores podem ser punidos.

 

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