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Jovens e política: há desinteresse?

As manifestações de junho de 2013 mostram mudança na consciência política

 

Por Érika Simões

 

 

A agenda de 2014 já estava apertada antes mesmo de o ano começar: Carnaval em março, Copa do Mundo em junho e, no finalzinho, no antepenúltimo mês, o grand finale: as eleições presidenciais.

 

Parece que tudo teve um timing perfeito: as manifestações do ano passado trouxeram à tona discussões que talvez nem seriam iniciadas se alguém não tivesse reclamado do preço abusivo da passagem de ônibus no Rio de Janeiro. Exatamente um ano antes de acontecer a Copa do Mundo – quando pairava no ar um clima de pessimismo entre os brasileiros – e 15 meses antes das eleições, os protestos explodiram em várias cidades do país.

 

Os objetivos e o destino do movimento, que teve como lema a frase “Não é só pelos 20 centavos”, pareciam incertos naquela época e assim permanecem. As discussões levaram a poucas conclusões. Mas uma delas é clara: as pessoas querem mudança.

 

O movimento ficou caracterizado por um fato curioso: a mobilização começou nas redes sociais on-line. Eventos criados e compartilhados nas redes chamaram as pessoas para comparecer às ruas. O interessante é que essas redes sociais são dominadas por jovens. No Facebook, por exemplo, a média da idade dos usuários era de 22 anos no final de 2012, segundo a pesquisa da empresa americana Topeka Capital Markets. Em 2013, 84% dos usuários da rede estavam na faixa etária entre 18 e 29 anos, de acordo com o Centro de Pesquisas Pew. Isso sugere que grande parte dos participantes dessas manifestações eram, provavelmente, jovens.

 

Agora que chegou a hora de votar e tentar mudar de verdade o país, mas será que esses mesmos jovens estão preparados e conscientes para decidir a mudança nas urnas?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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O estudante de administração Hugo Santhiago Lopes, 22 anos, vota pela segunda vez em eleições presidenciais. Hugo percebeu uma mudança no seu interesse por política depois das manifestações: “Ultimamente, eu passei a me interessar mais. É necessário entender como a política afeta a sua vida. Conhecer os candidatos e seus partidos foi o primeiro passo que eu dei, para daí então ver os planos de governo e escolher aquele com que eu mais me identifico”. No ano passado, ele participou dos protestos nas ruas e através das redes sociais. “Indiretamente, o movimento me influenciou, pois a partir dele eu comecei a me conscientizar e entender como os diferentes governos atuam”, afirma.

 

O estudante de administração Rafael Breviglieri, 22 anos, também vota desde os 16 anos e se considera uma pessoa politizada. “Costumo me interessar por questões políticas, não só em âmbito nacional. Sou aluno da UFJF e sempre participo de eleições do DCE (Diretório Central dos Estudantes).  Agora teve a eleição para reitor, que eu também acompanhei”.

 

 

O mestre em Ciência Política e professor da pós-graduação em ciências sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), André Gaio, analisa a relação dos jovens com a política e conclui que a participação deles ocorre em momentos determinados. Veja, abaixo, a entrevista de Gaio em que considera as manifestações de junho de 2013 como um movimento intergeracional.

 

Foto: Érika Simões

Hugo Santiago, nas redes e nas ruas

Foto: Érika Simões

Rafael Breviglieri se considera politizado

Ouça a entrevista de Rafael:

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