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por Carol de Paula

Os negros e a educação no Brasil

Mesmo no século XXI, a falta de acessibilidade de negros na educação brasileira é grande

Em um país tão miscigenado onde grande parte da população se considera parda ou negra, não podemos dizer que a acessibilidade à educação se resume de uma forma igualitária entre negros e brancos.

 

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou em 2010 que negros e brancos ainda não têm o mesmo acesso à educação. A pesquisa mostra que mais da metade da população brasileira se classifica como preta ou parda. Mesmo assim, a proporção de negros e pardos entre 18 e 24 anos que cursam, por exemplo, o ensino superior, é menor que a de brancos que possuem a mesma idade.

 

E no ensino fundamental e médio? Será que o número de negros é maior que o número de brancos, independente da instituição ser privada ou pública?

Não se pode acusar esta superioridade como uma falha unicamente educacional. Um dos fatores é o passado de exclusão e escravidão a que os negros foram impostos desde que chegaram ao país.

 

No passado, a história do povo negro sempre foi de exclusão quando se envolvia a educação no Brasil. Sabe-se que no período do Império, mais precisamente no momento da sanção das Leis do Ventre Livre e Áurea, foram implementados meios para que os negros pudessem iniciar seus estudos em algumas escolas. Mas, infelizmente, esta e outras ideias não foram colocadas em prática, sendo deixadas de lado.

Em Juiz de Fora, não existe uma pesquisa que aponte a diferença entre negros e brancos dentro de uma instituição educacional. Porém, tal diferença é facilmente detectada quando observa-se a entrada ou a saída de alunos em qualquer colégio da cidade. O número de alunos brancos é maior que o de negros.

 

Há seis anos, o Colégio de Aplicação João XXIII passou a contar com o auxílio de uma assistência social, com o intuito de ajudar os alunos e a própria instituição a lidar melhor com as diferenças sociais, econômicas e raciais presentes no dia a dia. Apesar Apesar de ser um colégio público, o João XXIII é conhecido por sua qualidade educacional. Para ingressar na instituição, os alunos precisam passar por um sorteio, desta forma o colégio garante a diversidade racial.

 

A assistente social Angelisa da Silva, 50 anos, explica a real necessidade do colégio desse tipo de serviço: “Quando eu cheguei ao colégio as questões sociais presentes estavam com uma demanda muito grande. Isso estava sobrecarregando os professores, que não sabiam como lidar com algumas situações, já que não era a área deles. O colégio pensou nisso quando escolheu o serviço social”. Para ajudar nessas questões, a instituição passou a desenvolver diversos projetos. O primeiro deles foi o “Ser e Conviver”, que tratou justamente da diversidade étnica, promovendo uma convivência maior entre alunos de raças diferentes.

 

Mesmo sendo um local onde prevalece a mistura de gêneros devido a forma de inserção de seus alunos, a assistente percebe que ainda há uma falta de alunos negros: 

Essa história ainda pode mudar

 

 

Muitos dizem que para melhorar a condição social, econômica e cultural de um país essa mudança tem que partir da educação. E é apostando nisso que a pedagoga Joyce Sodré, 29 anos, fundou em 2005 o centro educacional ABC Encantado, no bairro Democrata, em Juiz de Fora. No início da escolinha não havia tantas crianças negras, e as que haviam entravam através de uma bolsa de estudo. Porém, segundo Joyce, atualmente a procura pela inserção de negros na escola é muito maior, mesmo sendo uma instituição particular. A situação financeira é um dos fatores que ajudaram para esse crescimento. A ascensão da classe C na economia brasileira pode muito bem refletir esse tipo de situação, fazendo com haja um equilíbrio entre as crianças.

A diretora Joyce Sodré afirma que é muito mais fácil tratar de preconceito quando ainda se é criança, tanto que sua escola nunca precisou de uma ação específica para lidar com esse tipo de situação. Mesmo assim, muitos pais que visitavam a instituição e percebiam que a maioria dos alunos eram brancos, ficavam um pouco desconfiados se o filho poderia vir a sofrer qualquer tipo de preconceito. Assim, restava a Joyce junto com sua equipe de professores e educadores mostrar que a melhor forma de combater qualquer tipo de preconceito é a educação.

 

Escute a entrevista com Joyce na íntegra, falando sobre a inserção de crianças negras em seu colégio:

Crianças na Escola ABC Encantado (Foto: Carol de Paula)

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