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por Cristina Cestaro

Redes sociais como espaços de práticas ofensivas entre usuários

A Internet é reflexo do avanço tecnológico e traz muitos benefícios para nossas vidas, mas toda essa modernidade e comodidade oferecidas pela rede mundial de computadores pode trazer problemas para a vida das pessoas. Um deles é a facilidade em se cometer crimes. O anonimato proporciona que o preconceito e o bullying  sejam cometidos livremente sem trazer punições a quem pratica.

 

O comportamento hostil na Internet não é algo raro. Mas a que se deve isso? Será que o fato de ser anônimo incentiva as pessoas a dizerem aquilo que realmente pensam no dia a dia? Para o auxiliar administrativo Bruno Pereira Bueno, de 24 anos, a opção de não revelar a identidade incentiva as ofensas. Ele acredita que se não fosse assim, os agressores repensariam suas atitudes antes de postar. Bruno estuda Psicologia e atua em áreas polêmicas. Ele faz parte de um vlog voltado para o público lésbico e sente o preconceito e as ofensas em seu perfil no Facebook e no Ask (onde as pessoas podem lhe fazer perguntas).

"As pessoas que me ofendem vêm através desses posicionamentos meus e usam aspectos da minha vida para ofender. Acho que eles não sabem lidar com opinião contrária e nem com uma opinião que vá contra o sistema da massa".  Bruno, atualmente, escolhe não responder às ofensas e a rebater, quando acha necessário, destacando como o comentário é preconceituoso. "Já pensei em abandonar o Ask e tirei a minha foto para evitar maiores exposições. Meu perfil no Facebook é privado e não exponho para quem não é adicionado".

Somos ensinados desde sempre a não dar muita informação na internet. Por se tratar de um território livre e um ambiente "perigoso". No entanto, mesmo com todo aconselhamento sobre o assunto muitas pessoas se esquecem dos cuidados. Rodrigo Gobira, 20 anos, sempre foi uma pessoa muito comunicativa e aberta, até mesmo na internet. Ele achava que depois de tanto tempo online e lidando com a virtualidade, estaria livre de preconceitos, mas se enganou. "Hoje em dia tudo é motivo para sofrer preconceito na Internet: você ser mulher, você ser negro, você ser gordo, você ter alguma doença, alguma característica física diferente, você ser gay, lésbica, bi, transexual etc. Se você não se enquadra naquele padrão aceitável de homem branco hétero de classe média você está propenso a sofrer qualquer tipo de preconceito, e eu sempre estive, e ainda estou".

 

Veja a seguir algumas comunidades que estimulam o preconceito e as ofensas no Facebook:

A ofensa pode ser demonstrada por meio de comentários, mas também pode tomar dimensões maiores. Rodrigo Gobira conta que sempre relevou alguns tipos de comentários, mas um acontecimento recente o marcou. "Era de madrugada e minha amiga me mandou uma mensagem falando que estava circulando uma foto minha no Twitter e as pessoas que estavam compartilhando essa minha foto estavam fazendo piadas de mau gosto sobre minha aparência, meu jeito, minhas roupas, e eu me senti muito, muito mal". Ele conta ainda que se sentiu com muita raiva e foi tirar satisfação com o responsável. A pessoas continuou com as piadas e só restou a Rodrigo bloquear e trancar seus perfis em redes sociais que eram públicas
 

O bloqueio ou a exclusão de perfis em redes sociais ainda é a opção mais comum daqueles que são vítimas de preconceito e na internet. Isso se deve a falta de punição judicial, que faz com que pessoas possam disseminar suas ofensas e preconceito pela rede sem punição. Mas é bom ficar atento. Alguns especialistas afirmam que racismo e preconceito nas redes sociais podem, sim, trazer consequências. Um caso recente de punição foi o ocorrido com a divulgação de conteúdo preconceituoso onde uma estudante de São Paulo foi  condenada a um ano, cinco meses e quinze dias de reclusão pela Justiça  por ter postado mensagem preconceituosa, incitando a violência contra nordestinos em sua página no Twitter, em outubro de 2010.

A internet (em especial as redes sociais) e um sistema que depende muito mais do usuário do que dos sites. O psicólogo social Lélio Lourenço explica que os usuários, muitas vezes, se excedem na exposição da intimidade. Ele acredita que é uma estrutura delicada em termos do que deve ser postado e das regras que devem ser mantidas. A harmonia do ambiente deve-se ao bom senso dos usuários (que muitas vezes não existe) e também dos sites que devem administrar permitindo liberdade, mas ao mesmo tempo monitorar. O psicólogo explica um pouco sobre a conduta e comportamento das pessoas nas redes sociais.

Uma postura que causa muita polêmica nas redes sociais é a chamada "orkutização". Esse termo refere-se à população de classe social baixa e que, segundo alguns usuários, disseminam a desordem atualmente no Facebook. O antigo Orkut ficou conhecido como a rede social dos menos favorecidos e após a popularização do Facebook esse termo passou a ser relacionado com a invasão das classes baixas na tal rede social. Alguns dos problemas apontados são a grande quantidade de perfis fakes, o spam, as correntes, jogos e, principalmente, a grande quantidade de informação "inútil" que é publicada em seguida.
 

Para o estudante de Ciência da Computação, Divaldo Júnior, as pessoas têm todo o direito de postar o que quiserem em seu perfil, seja foto de comida ou o que estão fazendo, embora não seja útil para a sociedade de maneira geral. Para o estudante está havendo uma dependência cada vez maior das redes sociais, onde as pessoas precisam postar cada coisa, por mais banal que seja, do seu dia a dia e, ainda, usam seus perfis para provarem o que estão fazendo "Houve recentemente o caso de uma menina que levou um tiro e antes de morrer ela postou no perfil do Facebook 'Nossa, cheguei em casa e acabei de levar um tiro' e depois ela morreu. Provavelmente a primeira reação da menina foi postar no Facebook ao invés de buscar socorro e avisar a polícia ou uma ambulância, algo do tipo". Sempre tem a conhecida opção para aqueles que sentem muito incomodados com a "orkutização" do Facebook: cancelar a assinatura ou em casos mais graves, até mesmo a amizade. Tudo depende da sua relação com a pessoa.

Página do Twitter onde estudante faz comentário preconceituoso contra nordestinos

Algumas redes sociais mais acessadas na Internet

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