top of page

Lidiane explica que houve aumento de doações após a lei que proíbe o trote, mas espera que esse número possa aumentar ainda mais no próximos semestres. Neste ano, na doação dentro da UFJF, foram arrecadadas 33 bolsas de sangue. Mas os calouros e veteranos que ainda quiserem doar, podem procurar o Hemocentro Regional de Juiz de Fora.

 

Veteranos do curso de Medicina da UFJF

Foto: Susana Reis

Veteranos e calouros do curso de comunicação do CES arrecadaram roupas para instituições de caridade

Foto: Divulgação

Trote solidário

Um novo modo de ajudar o próximo

Por Susana Reis

O trote universitário é uma tradição que remonta a Europa da Idade Média, quando as primeiras universidades começaram a ganhar forma. Os iniciantes dos cursos nas universidades não podiam frequentar as mesmas salas que os antigos alunos e assistiam as aulas nos “vestíbulos”, o local onde guardavam as roupas. O novo aluno passava por uma limpeza: suas roupas eram queimadas e seus cabelos rapados. As ações eram justificadas por motivos de higiene e profiláticas contra a propagação de doenças. No Brasil, o primeiro trote registrado foi nos cursos de Direito de São Paulo e Pernambuco, no século XIX.

 

Na cidade de Juiz de Fora,  a cultura do trote se estabeleu desde a fundação da Universidade Federal de Juiz de Fora e se intensificou cada vez mais com a criação de novas faculdades.  Dentro do Campus da UFJF é proibido a prática do trote, o que fazia com que os veteranos levassem seus calouros para o sofrer o trote no portão do Campus e pelas ruas de Juiz de Fora. Mas a tradição dos trotes sujos, e algumas vezes humilhantes, está começando a perder força e em seu lugar estão surgindo os trotes solidários.  A lei municipal nº  13.028 entrou em vigor em outubro de 2014 proibindo o trote “agressivo” pela cidade, o que acabou incentivando os veteranos das faculdades a fazerem os trotes solidários.  A proposta de lei, apresentada pelo vereador Zé Márcio (PV), trouxe em seu âmbito a tentativa de sensibilizar alunos e sociedade. “O trote é uma tradição que deve continuar e que pode ser feita de forma saudável”, afirma o vereador.

Nova modalidade de trotes ganha força em Juiz de Fora

Várias instituições de ensino superior do município aderiram ao trote solidário no início do calendário letivo de 2015. Um dos exemplos é o curso de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) que montou, em 7 de março, um estande na reitoria para a coleta de alimentos não perecíveis, roupas, brinquedos e livros que serão destinados a diversas entidades carentes de Juiz de Fora. Além disso, no dia 9 de março, os calouros foram levados para doar sangue no Hemocentro Regional da cidade.

A solidariedade também contagiou o curso de Biologia da UFJF, que realizou um trote cheio de animação e integração entre calouros e veteranos: O “Biotrotre”.  Durante todo o mês de março,os veteranos convidaram os novos alunos para participarem de eventos que beneficiaram ao próximo, sejam animais, crianças ou idosos. Em conjunto, eles doaram roupas, brinquedos e alimentos para instituições de caridade,  ajudaram a Sociedade Juiz-forense de Proteção aos Animais e ao Meio Ambiente (SJPA)  e construíram uma horta na creche Carlos Moraes.

 

O aluno do segundo período de Biologia e um dos organizadores do trote solidário, Daniel de Busse, explicou como surgiu a ideia do trote: “A gente começou a pensar em formas diferentes de fazer o trote, que ainda unisse calouros com veteranos e causasse essa integração, já que não poderia ter o trote normal. A primeira ideia que veio foi a do trote solidário.  Todo mundo doa sangue, doa para instituições e a gente queria fazer alguma coisa diferente. A gente associou o útil ao agradável. A maior parte da biologia gosta de cachorro, gatos e aqui em Juiz de Fora tem muito canil, muito abrigo e associações. A gente começou a planejar”. Ele ainda comenta que não sentiu falta do trote sujo, pois o Biotrote integrou calouros e veteranos da mesma forma, mantendo a tradição.

 

Os calouros também se mostraram bem contentes com os eventos do trote, participando e mantendo uma boa relação com os veteranos, como a caloura Mariana Sell:

Saindo dos portões da UFJF, também podemos encontrar outros trotes solidários. É o caso do trote do curso de Comunicação do Centro de Ensino Superior (CES). Os calouros tiveram que reunir o máximo que conseguissem em roupas para doar para o Bazar da Asconcer. O veterano do curso Maxwell Costa conta que o objetivo era arrecadar 500 peças de roupas, mas as expectativas foram superadas e foram arrecadadas cerca de 1, 2 mil peças. “Preparamos tudo para um dia de arrecadação onde os calouros divididos por grupos correriam atrás de doações de seus parentes, vizinhos e amigos. No final das contas, foi mais positivo que esperávamos graças à dedicação dos calouros em cumprir o objetivo exigido por nós da organização do trote solidário”, observa Maxwell.

Em épocas de trotes solidários o hemocentro de Juiz de Fora apresenta várias campanhas para o aumento de doação de sangue, como a semana de recepção de calouros, aonde Fundação Hemominas fez coletas de sangue no anfiteatro das pró-reitorias da UFJF.  A chefe do departamento de captação de doadores do Hemocentro de Juiz de Fora, Lidiane Laroca, explica que existem épocas do ano em que o numero de comparecimentos para a doação de sangue diminui muito e o trote acaba colaborando um pouco  no aumento de doadores, mas esse número ainda não é expressivo, como podemos perceber na tabela abaixo. "Para conquistarmos a meta mensal, deveriam comparecer para doar cerca de 4160 doadores mensais, estamos muito aquém disso", completa. 

Fonte: Departamento de captação de doadores do Hemocentro de Juiz de Fora

Trotes universitários na história da UFJF

Conheça um pouco mais sobre a história dos trotes universitários em Juiz de Fora em nossa galeria de fotos:

Mãos que ajudam

bottom of page