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Livros que alimentam

Ubá decora a cidade com geladeiras velhas recheadas de livros

 

Por Matheus Freitas

 

 

Você provavelmente já passou por aquele momento no limite do tédio onde você abre a porta da geladeira mesmo sabendo o que tem lá, certo? Bom, esse problema não existe mais na cidade de Ubá, em Minas Gerais. Agora, o tédio daquele domingo à tarde é preenchido com uma boa leitura.

O Brasil é o 4º país com o menor número de horas de leitura semanais por habitante, de acordo com uma pesquisa realizada pela Market Research World (MRW), empresa de consultoria líder de pesquisa de mercado do Reino Unido. A pesquisa, realizada em 30 países entre novembro de 2004 e fevereiro de 2005 com mais de trinta mil pessoas, também revelou que o brasileiro é o oitavo povo que mais assiste a televisão e o nono que mais navega na internet. 

 

 

Os dados parecem ultrapassados, mas uma pesquisa realizada pelo Ibope em 2011 mostrou resultados ainda mais desanimadores. O número de leitores no país (quem leu pelo menos um livro nos três meses anteriores à pesquisa) passou de 95,6 milhões em 2007 para 88,2 milhões em 2011, uma queda de 9,1% no mesmo período em que a população do país cresceu 2,9%. A pesquisa trouxe ainda resultados mais assustadores, como, por exemplo, 75% da população nunca entrou em uma biblioteca na vida!

Foi pensando em estatísticas como essas que a Maria do Carmo Mello, na época secretária adjunta da educação em Ubá, resolveu fazer algo para mudar essa situação em sua cidade. Com o objetivo de criar mais leitores e tornar o acesso à livros mais fácil, Maria do Carmo, criou o projeto Geladotecas.

 

“Um dia uma professora me contou que trocou a geladeira de sua casa e me perguntou se alguma das escolas precisava de uma, quando ela falou isso eu já estava atrás de uma ideia original para colocar livros na rua.” conta Maria do Carmo. Nessa conversa com a professora, Maria do Carmo teve um “insight” e resolveu ficar com o eletrodoméstico.

De acordo com Andrea Dias de Oliveira Paula, Professora Coordenadora de Projetos Literários, as geladeiras contam hoje com aproximadamente 150 livros, revistas e jornais e a população não tem obrigação nenhuma de devolver os livros. Os cidadãos abraçaram o projeto, e hoje as geladotecas quase que se mantém sozinhas, pois os usuários começaram a colocar sus próprios livros e revistas nelas.

 

O sucesso do projeto foi tão grande, que outras cidades da região estão tentando implementa-lo. "Eu levei orientações do projeto para Visconde Do Rio Branco no ano passado à convite da Secretária de Educação de lá" conta Andrea, "não sei se estão usando o nome geladotecas, mas existe algum projeto similar em andamento".

 

Além de incentivar a leitura, o projeto ainda incentiva a reciclagem. Os cidadãos da cidade oferecem suas geladeira quando essas não estão sendo mais usadas, e é função da Prefeitura de Ubá adesiva-las e rechea-las com literatura e informação.

 

Para atrair cada vez mais leitores para as bibliotecas, a coordenadoria do projeto também organiza eventos em algumas delas, como rodas de leitura e gincanas. Além disso, há uma equipe que trabalha exclusivamente com as geladotecas, que contam com dois jovens responsáveis por abrir e fechar as geladeiras e uma funcionária que trabalha com a captação de livros.

Bença, padrinho!

Arte: Matheus Freitas
Fonte: FONTE: NOP World Culture Score(TM) :Global Media Habits

Arte: Matheus Freitas
Fonte: Fundação Pró-Livro e Ibope Inteligência

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