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A regra é aprender se divertindo

Terapia diferenciada melhora tratamento de crianças deficientes

 

 

Por Valesca Dos Reis

 

 

Deficiências existem e devem ser respeitadas. Além de respeitadas devem ser tratadas e consideradas. Existem no Brasil, atualmente, cerca de 25,4 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, das quais aproximadamente 2 milhões são crianças e adolescentes, segundo Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA). Daí a importância de cada dia mais serem implementadas iniciativas que visam o bem-estar e o desenvolvimento dos portadores de deficiência.

 

Na cidade de Juiz de Fora, localizada na Zona da Mata Mineira, existem diversas iniciativas que apoiam o tratamento médico com deficientes, mas a maioria tem uma visão de atividades mais técnicas e resultantes do aprendizado adquirido nas faculdades. Embora necessário, esse tipo de tratamento é considerado maçante pelas crianças e adolescentes, uma vez que as práticas são repetitivas e se reduzem a uma interação médico-paciente.

 

Na perspectiva de reverter esse problema, foi implantado em 2012 o Projeto AVIVA, originalmente idealizado na Espanha pelo fisioterapeuta e educador Eugênio Ancheza Redondo. O projeto veio para Juiz de Fora trazido pela então estudante de fisioterapia, Ana Paula Carvalho, que conheceu a proposta ao fazer um intercâmbio na Espanha. “Eu me encantei pelo projeto no meu primeiro intercâmbio na Europa, e assim que voltei para o Brasil não tive dúvidas que queria continuar com ele”, diz a fisioterapeuta Ana Paula, ainda à frente do projeto.

Além disso, Ana Paula ressaltou a importância do tratamento de pessoas com deficiência no Brasil. “Eu sempre achei que no país se focava mais nas limitações da criança do que na capacidade delas. Nós não mostramos para as crianças o que elas não podem fazer, nós as incentivamos e as ajudamos a fazer tudo que quiserem”, completa.

 

 

O Projeto AVIVA atualmente conta com cerca de 35 voluntários fixos e muitos visitantes que ajudam nas atividades que buscam estimular e integrar todas as crianças, fazendo com que elas se sintam parte de um todo.  Como exemplo das atividadesno projeto, Ana Paula cita o “basquete sentado”, pensado para as crianças com dificuldades em locomoção. “Temos também o futebol de cego, onde vedamos os olhos das crianças e os voluntários as guiam até o objetivo: fazer o gol. Assim elas vão aprendendo sobre as limitações dos amiguinhos e também vão se descobrindo”, afirma Ana Paula.

Diversão é o melhor remédio

 

A diversão faz com que o processo de desenvolvimento das crianças seja sempre positivo. Elas aprendem brincando, logo aprender fica prazeroso e fácil, possibilitando que progridam cada uma no seu ritmo e suas especificidades sejam respeitadas.

 

Segundo Alexandre Rezende, voluntário no projeto há mais de um ano, estar ali é um bem maior para os voluntários. “Eu venho aqui todo sábado e recebo o carinho e afeto dessas crianças e o contato com a família faz meu dia ser melhor, minha semana valer a pena. Eu acabo ganhando mais que elas”, ressalta Alexandre.

Nathalia Resende, além de voluntária, também é assistida pelo projeto em seus problemas com coordenação motora. Ela ressalta a importância do AVIVA para a sua vida. “Eu conheci o AVIVA através da fisioterapeuta Ana Paula. Como estudante de Pedagogia, acho muito importante, tanto para minha formação pessoal quanto profissional, ter esse contato com as crianças. Além da inclusão social, elas aprendem que a deficiência não as impede, e isso é muito importante”, contou Nathália.

 

Já Franciene, que teve paralisia infantil, conheceu o projeto em meio a um tratamento que fazia. “Foi no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) porque a Ana Paula trabalhava lá e pediu para eu ir no sábado no Colégio Jesuítas. Fui e gostei. O que eu mais gosto

no AVIVA são as pessoas que me tratam com carinho. Contribuiu muito no meu crescimento. Foi quando eu vi que existem muitas crianças com deficiências no mundo, que não era só eu, porque eu via poucas pessoas e também me ajudou a ver que eu podia enfrentar isso tudo, diz Fran

 

A mãe de Franciene, Edinéia Oliveira, conta que o AVIVA é importante porque sua filha tem a possibilidade de interagir com outras pessoas. “Eu vejo que a Fran depois do projeto está ficando cada vez mais independente e pode ajudar outras crianças nesse processo. Além de conhecer outras mães que passam pelas mesmas dificuldades que eu, podemos nos apoiar sempre e ajudar umas às outras”, afirma.

 

O projeto AVIVA atende atualmente mais de 30 crianças e tem sede no Colégio Jesuítas, que cedeu o espaço. O AVIVA é uma entidade sem fins lucrativos e as reuniões acontecem aos sábados às 15h no Colégio Jesuítas. Conheça melhor o projeto aqui Instituto AVIVA.

Livros que alimentam

Atividade desenvolvida na Páscoa no colégio jesuítas
Foto: Valesca Dos Reis

Ana Paula, fisioterapeuta do Instituto AVIVA na terapia de hipismo Foto: Acervo pessoal

Alexandre Resende brincando com uma das crianças que aproveita o espaço para se divertir
Foto: Valesca Dos Reis

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