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Acordes de esperança

O aprendizado musical como ferramenta de socialização de crianças e adolescentes

 

Por Ana Flávia Alvim                      

 

“Eu acredito é na rapaziada...”. Como na letra de Gonzaguinha, que canta a esperança de dias melhores, na pacata cidade mineira de Chiador, divisa entre Minas Gerais e Rio de Janeiro, não existem shopping centers, shows e programação cultural como nos grandes centros urbanos, mas crianças e adolescentes encontram no aprendizado da música um refúgio.

 

Chiador tem cerca de 3.000 habitantes e está localizada a 80 Km de Juiz de Fora, na zona da mata mineira. Nesse cenário, surgiu de uma forma tímida no ano 2000 as primeiras turmas de violão oferecidas para jovens da comunidade que, aos poucos, foram descobrindo talentos e aptidões que nem imaginavam antes. Hoje, 15 anos depois, aquelas primeiras aulas se transformaram na banda Fanfarra Jovens Musicais.

 

A banda, que reúne aproximadamente 15 alunos, faz apresentações em datas fixas comemorativas, como Natal, Dia das Mães, Independência do Brasil, e também quando convidada A Fanfarra tem marcado a infância de muitos jovens como a estudante Ana Luísa Furtado, 17 anos, que participou do grupo durante sete anos e acredita que os conhecimentos adquiridos contribuíram para sua formação.

No início, eram oferecidas aulas de violão e percussão. Posteriormente, em 2001, começaram as turmas de iniciação musical, onde os alunos aprendiam noções de harmonia, melodia e percepção musical. Foi também nesse período que as aulas de flauta doce ganharam espaço na banda, mas os alunos só podiam utilizar o instrumento após ter adquirido o conhecimento teórico.

 

 

A banda também é um local de encontro onde criam-se laços e os já existentes intensificam-se. O estudante Murillo Alvim, 18 anos, foi aluno por sete anos da banda e conta que teve a oportunidade de tocar quatro instrumentos: flauta doce, flauta transversal, escaleta e lira. Alvim fala de sua experiência nesse período: 

Apesar dos 15 anos de história, a Fanfarra atualmente conta com um número reduzido de alunos na faixa etária entre sete e 19 anos. São, no total, 15 alunos distribuídos entre três turmas: duas de flauta e uma de percussão. O problema é que há um crescente desinteresse por parte dos jovens da comunidade que estão hoje mais interessados nas redes sociais on-line e nos dispositivos móveis.

 

O grande desafio da Fanfarra é atrair novos alunos. O professor Bosco de Carvalho analisa que a falta de incentivo familiar é um agravante.  “A maior dificuldade que eu percebo no aluno é vir de casa, falta incentivo familiar. Eu não conheço criança problema, pra mim todos são receptivos agora eu conheço famílias problemas. A criança é introduzida na sociedade através da família, como hoje, me parece que é um processo em extinção porque a família hoje está perdendo os seus valores.”.

 

 

Fundada e mantida pela advogada aposentada e ex-vereadora do município, Maria de Mattos Maurício, ela diz que foi motivada pelo gosto pela música e a vontade de fazer algo em prol dos jovens, logo quando ocupou sua vaga no legislativo municipal. 

O responsável por ministrar as aulas é o professor e músico João Bosco de Carvalho, com 35 anos de experiência. Bosco reside na cidade de Pequeri e uma vez por semana faz o trajeto de 40 km até Chiador para encontrar os alunos. O professor observa que a Fanfarra Jones Musicais é importante para o processo de socialização dos jovens: “Na música a gente trabalha em grupo, tem que socializar, entender a dificuldade do outro. Existe tempo de vibração, vários fatores que fazem com que o indivíduo passe a respeitar o outro. Tem um maestro regendo. Todos estamos unidos, tocando instrumentos diferentes, mas fazendo essa comunicação de forma sonora, transmitindo emoção paras as pessoas”. 

Esse descaso e a falta de incentivo por parte dos familiares é algo criticado pela dona de casa, Maria Aparecida Bevilacqua, ou a Dida como é conhecida na comunidade. Um de seus filhos foi aluno da Fanfarra, o que a fez desde então acompanhadora assídua da trajetória do grupo. Ela defende a ideia de que o apoio para o aluno continuar na banda precisa vir de casa e que iniciativas como a do grupo.

Esse descaso e a falta de incentivo por parte dos familiares é algo criticado pela dona de casa, Maria Aparecida Bevilacqua, ou a Dida como é conhecida na comunidade. Um de seus filhos foi aluno da Fanfarra, o que a fez desde então acompanhadora assídua da trajetória do grupo. Ela defende a ideia de que o apoio para o aluno continuar na banda precisa vir de casa e que iniciativas como a do grupo.

A banda foi fundada e é mantida pela advogada aposentada e ex-vereadora do município, Maria de Mattos Maurício. Em entrevista, ela conta a Remei como surgiu o seu gosto pela música e a ideia de criar o grupo Fanfarra.

Na trajetória de 15 anos a Fanfarra coleciona momentos significativos como a conquista da sede própria, inaugurada em 2005. No princípio as aulas eram realizadas no prédio da única escola do município, aos sábados pois era quando a escola estava vazia. Atualmente, após um período as aulas retornam para o sábado segundo a fundadora Maria Maurício, para dar oportunidade de mais jovens integrarem o grupo. 

 

Algo que merece ser resgatado são as apresentações fora da cidade, a última delas em setembro de 2011 quando o grupo foi convidado para tocar junto a uma escola na apresentação do desfile cívico na cidade de Paraíba do Sul, esses episódios ficam marcados na memória dos ex-alunos como a de Marceli Almeida, 16, estudante que  

que comenta viagens “ Era bem legal quando saímos para apresentar. A viagem que eu mais lembro é a de Paraíba do Sul, tínhamos oportunidade de conhecer outras pessoas “ .

 

As aulas acontecem semanalmente aos sábados de 8 à 12 horas, na sede própria situada a Rua João Maquieira, próximo a Escola Municipal Santa Teresa, no centro de Chiador. 

À procura da felicidade

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