Remei
Revista de Mídias Eletrônicas Informacionais
A política no dia a dia
A importância de quem faz as eleições acontecerem
Por Cecília Rodrigues e Vítor Almeida
Na constituição de 1988 ficou definido o voto obrigatório aos cidadãos brasileiros entre 18 e 65 anos. O Artigo 14, que rege o voto, diz que “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei...”.
Mas, são muitas as opções de voto. Como o cidadão decide quem será seu representante? É nessa hora que as campanhas políticas fazem toda a diferença.
Os militantes e os cabos eleitorais remunerados são os que mais ficam encarregados do contato com os cidadãos. Para o mestre em Ciências Sociais Mário José dos Santos (Vídeo abaixo), é muito importante esse trabalho nas eleições. Mário ressalta, com relação aos militantes, a necessidade do surgimento de novas lideranças que a militância política gera. Segundo ele, há carência de bons líderes após a ditadura. Já os cabos eleitorais, para Mário, geram desconfiança. Ele diz não entender o pagamento dessas pessoas. “Eu não conheço bem como isso funciona ... não sei se essa remuneração é em prol de algo normal como deslocamento ou alimentação. Ou se compromete o indivíduo a fazer coisas não muito aconselháveis mas que são exigências dos partidos. Eu chego a ver nisso uma coisa perigosa.” Mário cita as manifestações de junho de 2013 como um exemplo negativo desse tipo de uso da profissão de cabo eleitoral. Confira detalhes e explicações nesta entrevista com cientista social:
O militante Geovane Silveira é assessor na campanha de Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná. Além disso, Geovane participa de um projeto novo da Câmara Federal denominado “Deputado Federal Jovem”. Seu mandato, inclusive, completou dois anos recentemente. Ele acredita que o militante tem o papel de levar as propostas do candidato até a população. “Temos pouquíssimos candidatos para abranger um número gigantesco de eleitores”, diz, observando que a militância deve estar onde o candidato não consegue ir.
Geovane é militante por ideologia. “Eu acredito que só vou conseguir ter um futuro melhor se eu estiver participando efetivamente.” O militante possui um blog e já escreveu sobre a temática nas redes sociais.
Veja a entrevista exclusiva com Geovane falando sobre várias questões referentes à militância política:
No site jusbrasil temos a definição de cabo eleitoral como “... pessoas que, geralmente na época de campanha, a mando dos chefes ou líderes partidários, devem conseguir mais integrantes para se filiarem ao partido político ou conseguir mais eleitores para votarem nos candidatos da legenda". Veja a Lei 4.737/65 (Código Eleitoral) e a Lei nº 9.504/97 (Normas para as eleições).
A senhora Maria Fernanda (nome fictício), de 45 anos, que prefere não se identificar, está trabalhando como cabo eleitoral nessas eleições. Em poucas palavras, ela considera esse trabalho como outro qualquer. “Eu venho aqui e balanço a bandeira por quatro horas. Almoço e volta para balançar mais quatro. Não tem nada de diferente de outro tipo de emprego”. Ela, que trabalhava de balconista de lanchonete, está desempregada e considera o trabalho de cabo eleitoral como “um alívio para as contas”.
Foto: Vítor Almeida
Cabo eleitoral Maria Fernanda em na avenida Brasil, às proximidades da Praça da Estação
Maria Fernanda fala que as pessoas que não recebem fazem a atividade por prazer. “Eles fazem por que gostam, né? Ficam aqui com um sorriso no rosto. Eu faço pelo dinheiro", admite. E, ao responder se votaria ou não no candidato da bandeira, é categórica: “Olha, moço, não voto nesse homem nem morta".
Outros cabos eleitorais divergem da opinião de dona Maria Fernanda. Uma delas é a Vanessa Duarte, coordenadora de campanha de rua de um candidato a deputado estadual que diz ser cabo eleitoral por influência da família e porque conhece o candidato há muito tempo. O salário da coordenadora de campanha de rua é de R$ 1,2 mil. Já os cabos eleitorais normais ganham R$ 800,00. Isso mensalmente. O turno de trabalho de segunda à sexta das 13h às 18h e aos sábados das 9h às 12h. Ela afirma, ainda, que muitos cabos eleitorais não votam nos candidatos que representam. Abaixo você pode ouvir a entrevista completa.
Foto: Vítor Almeida
Vanessa panfleta na avenida Rio Branco